Em meio ao feriadão, a capital paulista recebeu mais um grande festival na disputada agenda de fim de ano. Diferente do ritmo relativamente reduzido, se comparado aos últimos dois anos, o último trimestre de 2017 tem sido um dos mais concorridos, com shows praticamente em todos os fins de semana até dezembro.
Quem preferiu ficar na cidade e escolheu comparecer ao Dark Dimensions Festival, com certeza não se arrependeu.
Por: Diego Sousa
Junto com a capital paranaense, o festival tem por objetivo aproximar o público latino americano da música, cultura e costumes do velho continente. Numa mistura temporal entre a música folclórica, heavy metal e diversas raízes escandinavas compuseram um evento riquíssimo de histórias e tradições.
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Ao começar pela feirinha montada em num ambiente diverso dos palcos. Além de todo merch disponível, era possível comprar hirdromel, tirar fotos com artigos medievais, ou somente tomar uma cerveja e comer um hambúrguer artesanal. Outro ponto bem bacana, inclusive, era facilidade de acessar os próprios músicos de algumas bandas que estavam em suas bancas de merchandising, recebendo os fãs, vendendo seu material e autografando, como, por exemplo, o Kalevala.

Além dos shows, algumas lutas medievais marcaram o evento. A primeira delas ocorreu no palco, antes do show do Armored Dawn, responsável por dar início aos trabalhos.
A banda formada por Rodrigo Oliveira (baterista, Korzus); Rafael Agostino (teclado e guitarra, ex-Ravenland); Timo Kaarkoski (guitarra, ex-Ravenland); Thiago de Moura (guitarra); Fernando Giovanetti (baixo) e Eduardo Parras (vocal) vêm ganhando cada vez mais destaque em shows e na mídia. No começo do mês haviam tocado junto com De La Tierra no Tropical Butantã, e seguem divulgando o próximo álbum de estúdio que será lançado em 2018.
Armored Dawn – Sail Away
Apesar de montarem um set fortemente baseado no vindouro disco, muita gente já acompanha com familiaridade as novas músicas. Se em diversos momentos havia a sensação de estar ouvindo algo do Thuatha De Danann, Shaman, Eluveitie, Manowar, Mago de Oz, Aquaria e/ou outra banda neste sentido, na maior parte do tempo sobra espaço para viajar direto para idade média. Destaque para “Men of Odin”, séria candidata a hino do a médio prazo. “Survivor” e o hit “Sail Away” também não podem ser esquecidos, pois fazem você querer sair dali direto pro show do Manowar!
Se pelo lado do público houve bastante cantoria, aplausos e vibração, do lado da banda, a performance foi tão afiada quanto os discursos. Foram praticamente os mesmos dizeres que rolaram nos intervalos das mesmas músicas do show com De La Tierra. É uma pena deixarem um espetáculo tão rico visualmente e musicalmente em algo mecanizado em diversos momentos.
Antes do fim, Parras anunciou que em 2018 a banda estará em nova turnê pela Europa, e se despediu do público ao som de Beware of the Dragon.

Os russos da Finlândia
A segunda banda da noite veio de longe, beeem longe… Só que mesmo com todo tempo e desgaste, os russos do Kalevala esbanjavam entusiasmo em cima do palco. Este foi o primeiro show deles no Brasil, e um dos poucos que temos registro de uma banda cantando em russo. Trocando em miúdos, nada que tenha prejudicado a qualidade da performance. Pelo contrário, tornou ainda mais interessante e ainda mais curioso o que poderia sair dali.
Embora russos, toda inspiração e influências vêm dos vizinhos finlandeses. Ainda que Moscou e Helsinque estejam separados por mais de 1.000 km de distancia, quando a assunto é música, somos todos vizinhos e irmãos. Exemplo maior não faltou, devido episódio envolvendo o Kalevala ao chegar no Brasil. Antes de desembarcarem, a banda teve seus equipamentos inspecionados na véspera do show. No palco, Marco (baixo), explicou que nada seria possível se não houvesse cooperação das outras bandas, como o Elvenking emprestando o baixo para ele e os músicos do Armored Dawn ter ajudado resolver este problema no aeroporto.

Sob diversos aplausos, a banda composta por Suzan, ou como é conhecida: Xenia Markevich (vocais) Nikita Andrianov (Guitars) Aleksandr “Olen (deer)” (Acordeon) Marco (baixo) encerraram o set com mesmo ânimo do início. Grata surpresa, e fica recomendação de trazê-los em breve, e quem sabe como parte do overload festival que aposta tanto em bandas não convencionais? Ficamos na torcida!
Lembram-se das lutas nos intervalos nos shows? Antes de o Elvenking subir ao palco de tempo de rolar mais uma. A banda italiana era a penúltima a se apresentar e, por mais que tenha sido um festival com duração relativamente rápida, não poderia deixar o clima esfriar, não é mesmo?
The Dark Side of Italia
O Elvenking era mais uma grande banda estreante nos palcos brasileiros. Os italianos já batem forte no mercado nacional há um bom tempo com lançamento de diversos álbuns, faltando apenas virem pessoalmente.
Com um visual dark e no melhor estilo trovador, a banda foi muito recebida com muita euforia pelo público, que mostrou conhecer bem as músicas da banda. Aí ficou fácil.

Investindo pesado em músicas do recentíssimo Secrets of Magick Grimoire, lançado em novembro/2017, a banda montou o setlist de boas vindas ao público brasileiro. Talvez este tenha sido um dos poucos pontos negativos do show.
Sabendo que não estamos falando de principiantes, mas de uma banda com mais de 20 anos de estrada, seis álbuns de estúdio, diversos sucessos e com uma oportunidade única de tocar no Brasil pela primeira vez. Nesse espaço de tempo, com toda certeza diversos sucessos foram lançados, e quem realmente acompanha de perto e marcou presença no Carioca Club sentiu falta de músicas como “Moonchariot”; “Skywards”; “Poison Tears”; “Swalotail”, entre outras. Por outro lado, visto que o álbum é novo, é mais do que natural divulga-lo o máximo possível, a fim de que mais pessoas se interessem pelo trabalho da banda e, consequentemente, no próximos shows o publico seja maior. Na prática, se tudo dependesse apenas da segunda opção, o efeito poderia não ter sido o mesmo. Alheio a esses pontos, visivelmente, o Elvenking não se continha com tanta felicidade de estar ali, pela primeira vez, e sendo tão bem recebida. Com certeza, independente da escolha, eles colocaram todo seu coração em cada música tocada.
Elvenking – The Wanderer
Após o show, iniciou-se nova apresentação do grupo Ordo Draconis, simulando uma batalha medieval em meio ao público. Nesse intervalo os músicos do Einsiferum se preparavam para saudar novamente o público após terem tocado pela primeira vez no Brasil em 2015.
Olha quem voltou…
O visual do Ensiferum não era tão dark quanto do Elvenking ou tão brilhante quanto Armored Dawn, mas com certeza impunha respeito e era intimidador aos desavisados. Com menos discursos, se comparados às outras bandas da noite, o quinteto deixou que suas músicas falassem por si só.

Com um setlist bem balanceado entre os três últimos álbuns, Two Paths (2017); One Man Army (2015); Unsung Heroes (2012), e os clássicos Iron (2004) e Einsiferm (2001), Markus Toivonen (guitarra), Petri Lindroos (guitarra) e Sami Hinkka (baixo) deram uma outra dimensão ao folk festival, fazendo por muitas vezes pensar que estávamos num show do Amorphis ou Eluveitie. Já a simpática acordeonista Netta Skog auxiliava com os backing vocals e dava o tom de sutileza no meio da selvageria nórdica que tomou o recinto.
The Longest Journey Way of the Warrior não ficaram de fora, e a convite da banda o público cantou a plenos pulmões. A música escolhida para o bis foi Lai Lai Hei, encerrando, assim, mais um grande festival na capital paulista.
Ao todo foram apenas 20 minutos de atrasado divido em quatro shows durante 7 horas de festival. O que daria algo em torno de 5 minutos de diferença do cronograma oficial. No mais, tudo nos conformes: Grandes shows, público satisfeito, lineup bem montado e a expectativa para que em 2018 tenhamos mais uma edição.
Até a próxima!
Setlist Kalevala
- Intro
- Metal
- Korochun
- Bat’ka – Ataman
- KAlevala
- Goy Olen’!
- Naguyanuli
- Gde Tvoja nochevala Pechal’
- Parilo
- Uletay Na Qryl’yal vetra
- Taysen’ – Rada
- Son – Reka x Luchsuyn Spoyn Van Peshyu
Setlist Elvenking
- King of The Elves
- Elvenlegions
- The Wanderer
- Involking The Woodland Spirit
- The Winter Wake
- Pagan Revolution
- Draugen’s Maelstrom
- The Divided Heart
- Neverending Nights
- The Loser
Setlist Einsiferum
- For Those About To Fight For Metal
- Heathen horde
- Two of Spades
- King of Storms
- Treacherous Gods
- In My Sword I Trust
- the Longest Journey
- Way of The Warrior
- Token of Time
- From Afar
- Lai Lai Hei
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Fotos: Vagner Mastropaulo/Renata Pen